
ANTIDEPRESSIVO POR SPRAY NASAL
A medicina vem avançando a cada dia e não é mais surpresa receber notícias de medicamentos mais potentes para pacientes que apresentam resistência aos tratamentos já existentes. É o caso do novo spray inalável contra a depressão aprovada pela Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, aprovado nesta última terça-feira, dia 3 de novembro.
Anvisa aprova novo antidepressivo por spray nasal
O nome comercial é Spravato e ganhou o título de maior avanço da ciência contra a depressão do último meio século. Segundo o psiquiatra Pedro do Prado Lima, do Instituto do Cérebro da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul:
“Esse é o primeiro tratamento com um mecanismo de ação realmente inovador aprovado em décadas e oferece uma nova opção para responder às necessidades não atendidas dos pacientes e da comunidade médica”.
O medicamento, porém, ainda não está liberado ao grande público. A aplicação só deve ser feita sob supervisão médica em clínicas e hospitais e não tem preço definido no Brasil.
O remédio tem como base a escetamina, com princípio ativo relacionado com a cetamina, medicamento usado para anestesias. É produzido pelo laboratório Janssen, que diz que o medicamento é capaz de produzir efeito num tempo curto após ser inalado. Ele funciona agindo sobre o glutamato, molécula da rede neural – o primeiro a fazer isso. Ele estimula áreas do cérebro que estão diretamente ligadas às emoções, enquanto os medicamentos tradicionais aumentam a quantidade de neurotransmissores relacionados à sensação de prazer e bem-estar.
Os principais efeitos colaterais, segundo o laboratório, incluem: dissociação, tontura, náusea, sedação, sensação de girar, visão embaçada, sentido reduzido de toque e sensação, ansiedade, falta de energia, pressão arterial elevada, vômito, parestesia e sensação de embriaguez.
Os resultados dos estudos clínicos foram bem promissores, reduzindo os sintomas em até 24 horas após aplicação da primeira dose. Depois de um mês de tratamento, cerca de 70% dos pacientes já apresentavam melhora nos sintomas mais graves da doença. Porém, o uso do medicamento não exclui a necessidade de hospitalização em pacientes com indicação clínica, já que ele não reduziu o comportamento suicida e também não conseguiu prevenir o suicídio.
O psiquiatra Fábio Lawson, diretor médico da Janssen Brasil, se diz orgulhoso em disponibilizar a escetamina intrasanal para pacientes brasileiros com tipos de depressão bastante incapacitantes, para os quais as opções de tratamento eram escassas.
A comunidade médica se mostra muito receptiva ao novo medicamento:
“Esse medicamento será um avanço enorme, acredito que a quarta revolução no tratamento da depressão. A primeira foi a ECT, nos anos 1930; a segunda, os antidepressivos tricíclicos, nos anos 1950, e a terceira, os inibidores seletivos de recaptação de serotonina”.
Fonte : Psiquiatra Wagner Gattaz, coordenador do Laboratório de Neurociências do Instituto de Psiquiatria (IPq) da Universidade de São Paulo (USP).