
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO
O que é ?
O transtorno obsessivo-compulsivo, conhecido popularmente pela sigla TOC, é um distúrbio psiquiátrico de ansiedade caracterizado por pensamentos obsessivos e intrusivos. A condição também causa comportamentos compulsivos e repetitivos, que comumente estão relacionados à limpeza e organização.
É muito comum que pacientes com TOC acreditem que, se deixarem de cumprir o ritual, algo terrível poderá acontecer. Esse comportamento tende a agravar-se à medida em que a doença não é tratada ou diante de algum evento estressante ou traumático. Por isso, o diagnóstico e o tratamento precoces são muito importantes e essenciais para a recuperação.
Causas
Os médicos ainda não são capazes de entender completamente o que está por trás do transtorno obsessivo-compulsivo, mas as principais teorias que cercam as causas do TOC dizem respeito a três fatores: a biologia, a genética e o meio ambiente.
Alguns pesquisadores acreditam que o TOC pode ser resultado de alterações ocorridas no corpo ou no cérebro da pessoa. Outros estudos apontam o distúrbio para uma predisposição genética – muito embora os genes que estariam eventualmente envolvidos não tenham sido identificados até agora.
Fatores ambientais, como infecções, também parecem estar envolvidos. Pesquisas adicionais, no entanto, ainda precisam ser realizadas para corroborar essa hipótese.
O que já se sabe é que o TOC se manifesta por um conjunto de fatores, sendo eles desde hereditários até os fatores relacionados ao estilo de vida, situações de estresse e estrutura familiar frágil.
Tipos
O transtorno obsessivo-compulsivo é subdivido em dois tipos, sendo eles:
- Sem comportamento compulsivo: o TOC em que predominam os pensamentos obsessivos, mas a pessoa não necessariamente apresenta comportamentos compulsivos.
- Com comportamento compulsivo: o TOC caracterizado pelas obsessões e rituais que se repetem com frequência, cuja ansiedade só pode ser aliviada e controlada por meio desses rituais, que são repetidos compulsivamente e que chegam a atrapalhar diretamente a vida de quem sofre com o transtorno obsessivo-compulsivo e de pessoas próximas.
Sintomas
Os principais sinais e sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo, ou TOC, consistem basicamente em duas partes, que dão nome à doença: obsessão e compulsão. No entanto, é comum encontrar pessoas que desenvolvam apenas um dos tipos de sintomas.
Sintomas de obsessão
Uma obsessão, dentro do transtorno obsessivo-compulsivo, consiste em uma série de imagens, pensamentos e ideias que vêm à cabeça da pessoa insistente e repetidamente, sem que ela possa controlar.
Geralmente, a obsessão vem seguida da compulsão, que nada mais é do que uma forma de se livrar da própria ansiedade por meio de rituais e comportamentos repetidos e irracionais. No entanto, a obsessão em uma pessoa com TOC também pode manifestar-se isoladamente. Os casos obsessivos mais comuns na doença são:
- Obsessão por limpeza, que são, geralmente, resultado de um medo irracional de contaminação ou sujeira.
- Fixação por uma organização rígida, que segue obrigatoriamente uma determinada ordem e simetria.
- Pensamentos agressivos, de autoagressão ou outros pensamentos de carga negativa.
- Pensamentos indesejados, incluindo de temas sexuais ou religiosos.
Sintomas de compulsão
Em pessoas com TOC, compulsões são comportamentos repetitivos que o paciente se sente compelido a executar para controlar, prevenir ou reduzir a ansiedade causada pelas obsessões ou, ainda, para impedir que algo terrível aconteça.
O cumprimento dos rituais característicos do TOC, no entanto, não trazem prazer para a pessoa, sendo capaz de reduzir a ansiedade apenas temporariamente.
Quando os sintomas aparecem
Os sintomas de TOC geralmente começam gradualmente e oscilam em intensidade e gravidade durante toda a vida do paciente – dependendo, também, da aderência do paciente ao tratamento e da realização de um tratamento que inclua não somente medicamentos mas também psicoterapia individual.
Os picos geralmente acontecem quando a pessoa está vivenciando um período de estresse intenso, mas também podem oscilar aleatoriamente sem haver desencadeantes óbvios.
Alguns pacientes são capazes de compreender que suas obsessões e compulsões são irracionais. Mas nem sempre é o caso, e nem sempre isso estimula o paciente a procurar ajuda, por geralmente se sentir envergonhado e esconder seus sintomas. Sobretudo crianças têm dificuldade em reconhecer o que está errado.
Diagnóstico
Para ajudar a diagnosticar uma pessoa com TOC, o médico ou especialista em saúde mental pode solicitar a realização de determinados exames e testes, incluindo:
- Exame físico: o exame físico é feito no próprio consultório médico e serve, principalmente, para excluir possíveis outras causas dos sinais e sintomas que a pessoa manifestou – além, é claro, de complicações de saúde de um modo geral.
- Testes de laboratório: esses exames podem incluir, por exemplo, um hemograma completo, triagem para detectar a presença de álcool e outras drogas no organismo, além de um check-up geral, principalmente para medir a função da tireóide e para poder iniciar tratamento medicamentoso com segurança.
- Avaliação psicológica: um médico ou profissional de saúde mental poderá lhe fazer perguntas específicas sobre seus pensamentos, sentimentos, sintomas e padrões de comportamento. O especialista pode, também, querer falar com familiares e amigos próximos, a fim de entender melhor o que se passa.
Critérios de diagnóstico
Para ser diagnosticada com TOC, a pessoa deve atender a determinados critérios estabelecidos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), publicado pela Associação Americana de Psiquiatria.
Este manual é usado por profissionais de saúde mental de todo o mundo para diagnosticar doenças mentais e também por companhias de seguros para reembolsar pacientes e familiares pelos gastos com tratamentos.
Critérios gerais necessários para o diagnóstico de TOC incluem:
- Apresentar obsessões, compulsões ou ambos
- Perceber ou não que as obsessões e compulsões são excessivas e irracionais
- Crises de obsessões e compulsões são longas e persistentes e interferem no funcionamento geral da rotina e na qualidade de vida, assim como nos desempenhos no trabalho e na vida social
Fatores de risco
Os principais fatores capazes de aumentar o risco de uma pessoa desenvolver o transtorno obsessivo-compulsivo incluem:
- Histórico familiar, como ter algum membro próximo da família com diagnóstico positivo de TOC ou outras doenças psiquiátricas.
- Acontecimentos traumáticos e estressantes que tenham ocorrido na vida da pessoa, como a morte de um ente querido ou um acidente grave.
O TOC atinge mulheres e homens na mesma proporção. Na maioria dos casos, a doença surge durante a infância ou nos primeiros anos da adolescência, mas isso não significa que não possa iniciar na vida adulta.
Na consulta médica
Entre os especialistas que podem diagnosticar o TOC estão:
- Clínico geral
- Psiquiatra
- Psicólogo
- Neurologista
- Pediatra
Buscando ajuda médica
Os sintomas relacionados ao TOC não são simples preocupações com organização, limpeza ou ordem. Muitas pessoas tendem a confundir práticas comuns e cotidianas, como levantar sempre do lado direito da cama, manter a casa limpa e os copos dispostos sempre numa mesma ordem com sinais e sintomas típicos do transtorno obsessivo-compulsivo. Isso é um engano.
Manias e TOC: como diferenciar?
Pessoas com TOC desenvolvem essas características de forma muito mais intensa, irracional e acompanhada de interferência negativa na qualidade de vida, por exemplo diminuindo seu desempenho no trabalho, não conseguindo cumprir regras e horários de convenções sociais, evitando interação social.
E é nisso que o médico irá se basear para definir se há necessidade de ajuda de um ou mais especialistas. Se for pai ou mãe de uma criança que esteja apresentando esses sinais, procure um médico também.
Crianças também podem apresentar sintomas de TOC desde cedo e geralmente são caracterizados por necessidade de refazer ou verificar a tarefa escolar várias vezes. Quanto mais cedo o tratamento começar, melhor para o paciente.
Tratamento
O TOC não tem cura, mas o tratamento disponível para o transtorno pode ajudar a controlar os sintomas e evitar que eles interfiram ainda mais na qualidade de vida do paciente.
Em geral, as pessoas precisam de tratamento por toda vida, seja somente com medicação ou associado com outras abordagens como psicoterapia.
As duas principais abordagens de tratamento para TOC são a psicoterapia e o uso de medicamentos. No entanto, o tratamento é mais eficaz quando há uma combinação das duas.
Psicoterapia
A psicoterapia cognitivo comportamental é considerada pelos médicos como uma das formas mais eficientes de tratamento para TOC, principalmente se combinado com medicamentos. As técnicas psicoterápicas consistem em expor a pessoa gradualmente a situações em que, normalmente, ela lançaria mão de obsessões e compulsões para lidar.
Esse processo continua até que o paciente consiga aprender maneiras saudáveis de lidar com a própria ansiedade, sem recorrer a essas características.
Medicamentos
Certos medicamentos psiquiátricos podem ajudar a controlar as obsessões e compulsões do TOC. Em geral, é necessário utilizar doses mais elevadas do que em outros transtornos psiquiátricos e também fazer uso contínuo por maior intervalo de tempo.
Costuma-se optar primeiramente por antidepressivos, porém outras medicações como antipsicóticos e ansiolíticos também são usadas para tratar ou controlar os sintomas do TOC.
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique.
Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
Como lidar com o transtorno obsessivo compulsivo
O TOC é uma doença crônica para a qual não há cura. Os sinais e sintomas da doença oscilam entre períodos de melhora e piora ao longo de toda vida.
Não é comum, no entanto, que uma pessoa diagnosticada com este transtorno vivencie períodos sem absolutamente nenhum sintoma aparente. Por essa razão, é imprescindível que pacientes com TOC sigam à risca o tratamento recomendado.
A qualidade de vida tende a melhorar muito com a psicoterapia aliada ao uso de medicamentos.
Prevenção
Não existem formas conhecidas de se prevenir o transtorno obsessivo-compulsivo, mas é possível evitar se expor a alguns riscos que levam ao agravamento da doença como, por exemplo, não consumir bebida alcoólica e drogas ilícitas.
Mantenha o foco
O transtorno obsessivo-compulsivo é uma condição crônica que deve ser tratada por toda vida. Por isso, é importante encontrar formas de tornar o tratamento e a convivência com esse transtorno o mais fácil possível.
Siga as orientações à risca
Seguir o tratamento indicado por especialistas à risca é a melhor maneira de lidar bem com a doença. Tome seus medicamentos conforme indicado pelo médico. Mesmo se você estiver se sentindo bem, siga as orientações e tome sua medicação regularmente.
O uso ininterrupto dos medicamentos impede que os sintomas de TOC sejam recorrentes. Lembre-se que estar bem não é sinônimo de que não precisa mais do tratamento e sim que é ele quem está lhe ajudando a ficar bem.
Complicações possíveis
Indivíduos com TOC podem apresentar complicações ou outras doenças que não são necessariamente causadas pelo distúrbio, mas podem ser resultantes da associação de mais de um transtorno mental, tais como:
- Prejuízo no desempenho do trabalho, nos estudos ou em atividades sociais
- Envolvimento em relacionamentos problemáticos e instáveis
- Má qualidade de vida
- Transtornos de ansiedade
- Depressão
- Transtornos alimentares
- Pensamentos e possíveis tentativas de suicídio
- Alcoolismo e abuso, uso nocivo ou dependência de drogas ilícitas ou outras substâncias, como o cigarro
- Dermatite de contato
- Tique nervoso
Referências
Ministério da Saúde
Organização Mundial da Saúde
Instituto Nacional Americano de Saúde Mental
International OCD Foundation
OCD-UK
Anxiety and Depression Association of America
NHS Choices
Fonte : Especialista consultado Dra. Aline Sabino, Psiquiatra (CRM 130268/SP)